
Era verde, uma tal esperança.
Eram vermelhas as flores.
Era um sonho… diziam.
Era primavera e tudo começava, queriam.
E riam. E cantavam.
E as bocas abertas gritavam.
Mas… logo se calaram.
E os sorrisos esmoreceram.
A maré vazou mostrando o destroço
As gentes afastaram-se a começar pelos heróis imaginários.
O vento levou as flores.
O verde secou nas gargantas.
A rua ficou deserta. Acabou a festa que nunca houve.
Nem sonho, nem sono.
O verde era camisa suada na verde picada de vermelho florida
Numa memoria triste dum olhar que já não volta.
Cinzento ficou o céu.
Frio o peito num permanente Inverno
De sonhos sem sono.
Num jardim que perdeu as flores,
Gastas numa sepultura, que o mar comeu.