debruçada sobre o mar

debruçada sobre o mar

quinta-feira, 10 de junho de 2010



Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos nossos egrégios avós…

Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!

Cinquentenário

Calcule-se o choque, a indignação, a ofensa dos ilustres membros do Bloco de Esquerda quando souberam que, em Aveiro, integrados nas comemorações dos cem anos de República, ia haver uns cortejos históricos entre os quais um com umas meninas e uns meninos mascarados com fardas da Mocidade Portuguesa, empunhando bandeiras e outros artefactos da época.
Os camaradas, pela boca de um obscuro fulano, Pedro Soares de seu nome, deputado (!?), dizem tratar-se de um “revisionismo inaceitável da história”, e revoltam-se com o facto de haver no tal cortejo “crianças do terceiro ano, ainda com pouca crítica histórica e política”.
Os ilustres comunistas do Bloco, demonstrando elevada cultura, acham que “é muito discutível que se considere o Estado Novo como República”.
Ocorre, antes de mais, perguntar a tal gente o que anda ela a comemorar: os cem anos de quê? Se o Estado Novo não era uma república, então só podem comemorar aí uns 52 anos. Se se juntar à não República o período do Sidónio Pais, conhecido como “presidente-rei” (que horror!), ficam só com 50 anos para comemorar. Coitados.
O Estado Novo serve, assim, dois objectivos “educacionais” opostos: mostrar que, para efeitos histórico filosóficos, não foi uma república mas, para efeitos de contas republicanas, foi. Ou seja, se se quer gastar umas massas em maluquices comemoratórias, qualquer coisa serve, menos a honestidade, coisa à primeira vista tão simples.
Resta aos camaradas, por outro lado, demonstrar que o Estado Novo não se chamava “República Portuguesa” e que o Marechal Carmona e seus sucessores não eram “Presidentes da República”. Outra solução será dizer que o General Craveiro Lopes era filho do Marechal Carmona e este avô do Almirante Tomás, integrando a V Dinastia.

Os comunistas sempre foram e serão assim, aliás seguidos de perto pelos jacobinos e outros “netos” do glorioso Afonso Costa. A História, para eles, é o que lhes convenha, não o que aconteceu. Se for preciso riscar o Estado Novo da História, óptimo.
Deve ser esta a filosofia dos ilustres “historiadores” bloquistas, como o Rosas e o Tavares. Nem que para isso tornem indemonstrável a existência dos cem anos que comemoram, com grande cópia de dinheiro e de realizações “culturais”.

À boa maneira soviética e ratal (de largo do rato, ainda que por lá andem inúmeros comandantes de castelo), o que não interessa, risca-se. Portugal não existiu entre 1926 e 1974. Como a Constituição, estupidamente, diz que Portugal é uma República, se o Estado Novo não era uma República, o país não existiu durante ele. Já agora, se Portugal é uma República, o que havia antes do 5 de Outubro não era Portugal. Ou seja, somos, não uma Nação com quase 900 anos de vida, mas uma jovem República, com uns meros 50.

É uma tristeza. As aldrabices que se inventa para vangloriar o que não merece! As trafulhices que se congemina para varrer o que se odeia! Que gente!

Para acabar, uma referência às “comemorações” aveirenses. Parece que vai haver uma recriação histórica da República, que inclui, pelo menos o regicídio, o 5 de Outubro, a primeira república, a segunda, os congressos da oposição e a actualidade.
Deseja o IRRITADO que, em Aveiro, haja algum respeito pela História, ao contrário do que se passa no largo do rato e na cabeça dos comunistas do Bloco.

8.6.10

António Borges de Carvalho

In Blog Irritado, com o devido respeito, a devida homenagem e por estar inteiramente de acordo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010



Daqui eu não sou,


Eu nunca fui daqui!


Quem dera,


fazer daqui


Um outro lugar...




















Porque a fuga é impossível,
Tanto quanto o esquecimento.
Porque os fantasmas não me largam
E atacam de surpresa.
Porque ao fim de tanto tempo
O tempo não passou.
Porque estou cansado
E não vislumbro descanso
Destas batalhas comigo próprio.
Porque há sempre uma música escondida
Que nada tem que ver,
Mas transporta, derrota, esmaga e eleva.
Porque há a tentação de acrescentar mais uma linha,
Mais uma que permita ficar, voltar
Tentar fazer daqui um outro lugar.






O Outro lugar.

Ao ouvir Cinema paradiso de Ennio Morricone E um pedaço de letra do Voo do mesmo autor em parceria com Dulce Pontes.