A cidade amanheceu com manchas verdes.
Um verde susto. Conspiração.
As pessoas começam a descer as calçadas com espanto e
surpresa.
Alguém acende uma palavra que rapidamente incendeia a
multidão.
Descem levados, levados sim, julgando serem donos de si.
E espalham a fantasia, julgam encontrar a liberdade.
Não se aperceberam da fraude.
E distribuem sorrisos.
Logo alguém trás flores para embelezar a festa.
Mas vêm tingidas de sangue.
Infantis, loucos ou mal-intencionados, julgaram, fingiram a
felicidade.
Mas a ilusão é um fogo de palha. Muito brilha pouco aquece,
mas queima...
E foge…
A cidade amanheceu julgando que era festa,
Mas eram exéquias.
(Candengue)
Ninguém fale em primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia. David Mourão-Ferreira