debruçada sobre o mar

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quinta-feira, 24 de abril de 2014

1974/ 4/ 25 / 4/ 2014

A cidade amanheceu com manchas verdes.
Um verde susto. Conspiração.
As pessoas começam a descer as calçadas com espanto e surpresa.
Alguém acende uma palavra que rapidamente incendeia a multidão.
Descem levados, levados sim, julgando serem donos de si.
E espalham a fantasia, julgam encontrar a liberdade.
Não se aperceberam da fraude.
E distribuem sorrisos.
Logo alguém trás flores para embelezar a festa.
Mas vêm tingidas de sangue.
Infantis, loucos ou mal-intencionados, julgaram, fingiram a felicidade.
Mas a ilusão é um fogo de palha. Muito brilha pouco aquece, 
mas queima...
E foge…
A cidade amanheceu julgando que era festa,
Mas eram exéquias.
Uma pátria acabava de morrer…

(Candengue)





Ninguém fale em primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia.  David Mourão-Ferreira