debruçada sobre o mar

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mais barulho faz uma árvore que cai, do que a que cresce numa floresta.

Carta de um sacerdote Católico ao NEW YORK TIMES


Querido irmão e irmã jornalistas:

Eu sou apenas um padre católico. Estou feliz e orgulhoso de minha vocação. Há vinte anos que vivo em Angola como missionário.


Vejo em muitos meios, especialmente no seu jornal a extensão de um tema mórbido, investigar em detalhes a vida de um padre pedófilo. De modo a obter um de uma cidade dos EUA, na década de 70, um na Austrália na década de 80 e, outros casos recentes... Certamente todos condenados! Algumas apresentações são jornalismo ponderada e equilibrada, outras amplificadas, cheio de preconceitos e até mesmo ódio. Dá-me muita dor por causa do mal profundo que pessoas que devem ser sinais do amor de Deus, são um punhal nas vidas de inocentes. Não existem palavras para justificar tais actos. Não há dúvida de que a Igreja não pode deixar de lado os fracos, os indefesos. Portanto, todas as medidas que são tomadas para a protecção, prevenção da dignidade das crianças será sempre uma prioridade.


Mas é curiosa a falta de interesse por notícias de milhares de sacerdotes que são consumidos por milhões de crianças, adolescentes e os mais desfavorecidos nos quatro cantos do mundo! Eu acho que os meios de comunicação não estão interessados no facto que eu tinha que ser transportados por estradas minadas em 2002, muitas crianças desnutridas de Cangumbe para Lwena (Angola), porque nem o governo estava preparado, nem as ONGs foram autorizadas; que teve de enterrar dezenas de pequenas mortes entre os deslocados pela guerra e aqueles que retornaram, que pode ter salvo a vida de milhares de pessoas no México pela única estação médica no 90.000 de alimentos, km2, bem como a distribuição de sementes. Temos a oportunidade da educação nessas escolas 10 anos, mais de 110 mil crianças ...


É interessante que outros sacerdotes tiveram de aliviar a crise humanitária de quase 15.000 pessoas no quartel da guerrilha, depois de sua entrega, porque a comida veio do Governo e da ONU. Não é novidade que um padre de 75 anos, Fr Robert, passa a noite na cidade de Luanda a cura as crianças de rua, levando-os para um abrigo, para desintoxicação, que centenas de prisioneiros são alfabetizados, que outros sacerdotes, como P. Stefano, dirige casas de abrigo para as crianças que são espancadas, violadas ou abusadas e buscar abrigo.

Nem Maiato Fray com os seus 80 anos, passando de casa em casa confortar os doentes e desesperados. Não é novidade que mais de 60 mil dos 400 mil sacerdotes e religiosos deixaram a sua terra e a sua família para servir a seus irmãos em leprosarias, hospitais, campos de refugiados, orfanatos para crianças acusadas de bruxas órfãos de pais que morreram com SIDA nas regiões mais pobres, escolas, centros de formação, centros de cuidados... ou seropositivos, paróquias e missões, motivando as pessoas a viver e amar.

Não é novidade que o meu amigo, o Padre Marcos Aurélio, para salvar alguns jovens durante a guerra em Angola, já transportou de Kalule a Dondo e retornando à sua missão foi morto a tiros na estrada que o irmão Francis, com cinco catequistas mulheres, para ir para ajudar as zonas mais remotas áreas rurais morreram em um acidente na rua, dezenas de missionários em Angola morreram por falta de assistência de saúde, por um simples malária, os outros têm explodido devido a uma mina, a visitar o seu povo. No cemitério estão as sepulturas Kalule dos primeiros sacerdotes que vieram para a região... Nenhum acima de 40 anos.


Não é notícia acompanhar o sacerdote que vive uma " vida normal" no seu dia-a-dia, comer, dificuldades, as alegrias da sua vida tranquilamente para a comunidade que serve.
A verdade é que não procuramos manchetes, mas simplesmente para trazer boas notícias, a notícia de que começou discretamente na noite de Páscoa.


Mais barulho faz uma árvore que cai, do que a que cresce numa floresta.

No pretendo fazer a apologia da Igreja e dos sacerdotes. O sacerdote no é nem um herói nem um desequilibrado. É um simples homem, que com a sua humanidade busca seguir a Jesus e servir os seus irmãos. Tem misérias, pobrezas e fragilidades como cada ser humano; e também beleza e bondade como em cada criatura…


Insistir de forma obsessiva e persecutória num tema perdendo a visão de conjunto cria caricaturas ofensivas do sacerdócio católico que me faz sentir ofendido.

Só lhe peço amigo jornalista, que busque a Verdade, o Bem e a Beleza.
Isso o tornará nobre no exercício da sua profissão.

Em Cristo, P. Martín Lasarte