debruçada sobre o mar

debruçada sobre o mar

sábado, 25 de dezembro de 2010

Com a esperança que cada recém nascido comporta.


Muitos não crentes encaram o Natal como a festa da família. Menos mal. Mas não. Não é. Sem confusões. Assim de uma tirada só: o Natal é a data escolhida para os Cristão celebrarem o nascimento de Jesus, Deus na sua misericórdia tornado homem, para que a humanidade se pudesse escrever Humanidade. É a comemoração do momento histórico e irrepetível em que o Criador se transformou em Criatura para com ela se tornar irmão.

Quanto ao mais, deixemo-nos de confusões.

Pode também (e é coerente) comemorar-se um tempo de esperança e sonho numa Humanidade melhor. Foi esse objectivo deste Deus Menino.

Por sonho. Um hino de esperança e beleza que ela comporta e que Cristo foi o portador.

Obrigado Mestre Gedeão (e ao Manuel Freire pela musica igualmente genial)

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


Para os que ao lerem conseguirem encontrar o Natal neste poema, um Santo Natal. (aos outros também, que Cristo é de todos).