debruçada sobre o mar

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sábado, 30 de maio de 2009

Isto de não ser de esquerda

Os caminhos da liberdade são muitos e misteriosos. Mas talvez só à direita se possa perceber isso. Fui para a direita para ser livre

Cresci num país "a caminho do socialismo". O governo era de esquerda, os meus pais eram de esquerda, os professores no liceu eram de esquerda, os jornais eram de esquerda, os cantores da moda eram de esquerda, os militares eram de esquerda, os bispos eram de esquerda e até os partidos ditos de "direita" também eram de esquerda (do "centro-esquerda").
Aqueles que viveram nesse Portugal de há trinta anos sabem do que falo. O ar cheirava a esquerda e parece-me que até a comida sabia a esquerda. A sabedoria, o talento e a bondade só podiam ser de esquerda.
A esquerda era o bem. Ser de esquerda era estar salvo, redimido de todos os pecados, isento de todas as dúvidas, dispensado de todas as reflexões. O respeitinho era de esquerda.
Num país assim, era talvez fatal que a perversidade inerente à adolescência me levasse a acreditar que nada do que me fascinava pudesse ser de esquerda.
Henry James, Borges, Nabokov não eram de esquerda. Os Estados Unidos não eram de esquerda. A rapariga mais bonita do liceu também não era, aparentemente, de esquerda.

O que era não ser de esquerda?

Era ler os poemas de Fernando Pessoa sem os reduzir à "expressão da angústia de classe da burguesia". Era reconhecer que o Natal não era quando um homem quisesse ou que o mundo não pulava e avançava como bola colorida nas mãos de uma criança. Era chamar as coisas pelos nomes e perceber os limites de tudo.
Era aceitar o pluralismo e a contradição como características permanentes da humanidade, e não como imperfeições para serem passadas a ferro pela planificação científica da sociedade. Não ser de esquerda era compreender que Cuba era uma ditadura, ponto final.

Onde tudo começou

Eis como fui parar à direita - um lado que, depois da revolução, era como aqueles descampados entre prédios onde brincávamos em miúdos: um espaço vago, sem organizações, sem hierarquias, sem rituais, sem dogmas, sem líderes. Foi por aí que passei a andar, anarquicamente. Se tivesse nascido noutra época, estaria eu noutro lado? Talvez.,no ano passado, li um texto em que Bernard Henri-Lévy justificava as suas parcialidades políticas. Descobri, sem espanto, que as razões pelas quais ele diz que é de esquerda são precisamente as mesmas pelas quais eu digo que não sou de esquerda, ou, se preferirem, pelas quais eu estou à direita (não digo "ser de direita", porque esse é um ponto de vista da esquerda).
Resumo: ele fez-se de esquerda para ser livre; eu fui para a direita pela mesma razão. Os caminhos da liberdade são muitos e misteriosos. Mas talvez só à direita se possa perceber isso.

Rui Ramos, Publicado em 30 de Maio de 2009 no I
Bom de mais para ler e ficar calado.

domingo, 24 de maio de 2009

Belenenses é de primeira. Mas vai a águas…

No meu perfil tá lá escarrapachado Belenenses. Portanto o improvável leitor compreenderá:

Pode baixar de divisão. As vezes que baixar. Ou subir. Eu sou e serei Belenenses.

Ser belenenses é uma forma única de gostar de futebol, de torcer. É simpático, descomprometido. Não há belenenses fanáticos. Pode haver e há ferrenhos. Mas somos gente de um enorme desportivismo. Festejamos quase sempre. Se “vamos à Europa” o que já não acontece, se ficamos quase na zona europeia, se safamos da descida…e agora preparamo-nos para festejar o regresso à primeira divisão que é como eu gosto de chamar. (É, sou desligado)

Lembro-me de 1972/73 a época mais perfeita de sempre do futebol Pátrio e inicio da minha paixão pelos pastéis, em que o Benfica do “Maior de sempre” Eusébio (confesso o meu segundo clube) ficou em primeiro sem derrotas e o Grande Belém em segundo.

Bons tempos. Estava na minha terra natal, havia uma certa ordem, até no campeonato nacional. Sim, nessa altura também tinha-mos o campeonato provincial e o campeonato distrital. (Isso só falando de futebol, porque também havia o hóquei…alguém se lembra dessa modalidade fantástica em que somos apenas a maior potencia histórica?)

Nesse ano, já não me lembro que ganhou o distrital, o provincial foi o FC Moxico.

Voltando ao Belém. Fica a perder esteticamente o campeonato que para o ano não tem o mais bonito estádio do país. Fica a perder tudo quanto é lagarto e lampião que tem menos um jogo perto de casa para ver ao vivo. Fica a perder a liga porque um clube com a história, style e classe está na segunda. Olhando para ao patrocínios (se ainda forem os mesmos) o Belenenses vai a águas.

Enquanto, eles os europeus andam entretidos,
eu voto Clube Futebol os Belenenses.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cristo vença, Cristo Reine…


Foi enorme a festa, como foi enorme a misericórdia e a graça concedida.
Cinquentenário do Santuário de Cristo em Almada, foi um relembrar de como a mão de Deus nos tem guiado e suportado. Como temos sabido, em quanto povo correr para Deus e como Ele nos tem acolhido. Nação fidelíssima de ainda mais fiel Senhor.
Num jeito infantil apetece-me dizer, é normal somos amigos da Sua Mãe.
Somos um país que tem com Rainha, Maria Santíssima. “Personalidade aquém é dedicado o maior número de lugares considerados históricos/monumentos no nosso país. E Ela também lá esteve.

Dias gloriosos esses que vivemos.
Temos um monumento a Cristo Rei. Como agradecimento a uma paz vivida em tempos de guerra total.

Temos de nos preparar, para em quanto povo, nos dispormos à oração de forma assumidamente colectiva, pela nossa Pátria. Já não para pedir a protecção contra uma guerra no sentido estritamente bélico. Mas uma guerra contra a matriz Cristã. Contra uma forma de ser e estar, que testemunha (assumindo todos os erros decorrentes da fraqueza humana ou de condicionantes históricas) a opção por Cristo, e de uma forma incondicional através de sua Mãe.

Os tempos de crise, são sempre difíceis, mas de ruptura. É este o tempo certo para viramos, de novo o sentido e o sentir desta nação. É tempo de resistir, e isso é um constante nesta Pátria em que o único verdadeiro recurso é o seu povo, e o principal obstáculo são os que nele tem mandado.

Só assumindo que Maria é realmente a Rainha do Céu e de Portugal, podermos esperar, não por um novo Abril ou Maio ou Novembro ou outro momento qualquer; mas uma prometida manhã de nevoeiro nas nossa almas, que gere um dia de sol brilhante para todos.

domingo, 17 de maio de 2009

Coisinhas, Umas simples biquatas

Chegou-me por mão amiga este artigo que transcrevo na íntegra como o devido respeito e devida homenagem agradecida.

São pequenas coisa, pequenos pertences, umas biquatas das classe governativa:

Cavaquisses, Sócratisses e Samoradas


Portugal precisa de jactos executivos para transporte de governantes???

Pronto! Finalmente descobrimos aquilo de que Portugal realmente
precisa: uma nova frota de jactos executivos para transporte de
governantes. Afinal, o que é preciso não são os 150 mil empregos que
José Sócrates anda a tentar esgravatar nos desertos em que Portugal se
vai transformando. Tão-pouco precisamos de leis claras que impeçam que
propriedade pública transite directamente para o sector privado sem
passar pela Partida no soturno jogo do Monopólio de pedintes e
espoliadores em que Portugal se tornou. Não precisamos de nada disso.
Precisamos, diz-nos o Presidente da República, de trocar de jactos
porque aviões executivos "assim" como aqueles que temos já não há "nem
na Europa nem em África". Cavaco Silva percebe, e obviamente gosta, de
aviões executivos. Foi ele, quando chefiava o seu segundo governo,
quem comprou com fundos comunitários a actual frota de Falcon em que
os nossos governantes se deslocam.
Voei uma vez num jacto executivo. Em 1984 andei num avião presidencial
em Moçambique. Samora Machel, em cuja capital se morria à fome, tinha,
também, uma paixão por jactos privados que acabaria por lhe ser fatal.
Quando morreu a bordo de um deles tinha três na sua frota. Um
quadrimotor Ilyushin 62 de longo curso, versão presidencial, o
malogrado Antonov-6, e um lindíssimo bimotor a jacto British Aerospace
800B, novinho em folha. Tive a sorte de ter sido nesse que voei com o
então Ministro dos Estrangeiros Jaime Gama numa viagem entre Maputo e
Cabora Bassa. Era uma aeronave fantástica. Um terço da cabina era uma
magnífica casa de banho. O resto era de um requinte de decoração
notável. Por exemplo, havia um pequeno armário onde se metia um
assistente de bordo magro, muito esguio que, num prodígio de
contorcionismo, fez surgir durante o voo minúsculos banquetes de tapas
variadíssimas, com sandes de beluga e rolinhos de salmão fumado que
deglutimos entre golinhos de Clicquot Ponsardin. Depois de nos mimar,
como por magia, desaparecia no seu armário. Na altura fiz uma
reportagem em que descrevi aquele luxo como "obsceno". Fiz nesse
trabalho a comparação com Portugal, que estava numa craveira de
desenvolvimento totalmente diferente da de Moçambique, e não tinha
jactos executivos do Estado para servir governantes.


Nesta fase metade dos rendimentos dos portugueses está a ser retida
por impostos. Encerram-se maternidades, escolas e serviços de
urgência. O Presidente da República inaugura unidades de saúde
privadas de luxo e aproveita para reiterar um insuspeitado direito de
todos os portugueses a um sistema público de saúde. Numa altura
destas, comprar jactos executivos é tão obsceno como o foi nos dias de
Samora Machel. Este irrealismo brutalizado com que os nossos
governantes eleitos afrontam a carência em que vivemos ultraja quem no
seu quotidiano comuta num transporte público apinhado, pela Segunda
Circular ou Camarate, para lhe ver passar por cima um jacto executivo
com governantes cujo dia a dia decorre a quilómetros das suas
dificuldades, entre tapas de caviar e rolinhos de salmão. Claro que há
alternativas que vão desde fretar aviões das companhias nacionais até,
pura e simplesmente, cingirem-se aos voos regulares.



Há governantes de países em muito melhores condições que o fazem por
uma questão de pudor que a classe que dirige Portugal parece não ter.
Vi o majestático François Miterrand ir sempre a Washington na Air
France. Não é uma questão de soberania ter o melhor jacto executivo do
Mundo. É só falta de bom senso. E não venham com a história que é
mesquinhez falar disto. É de um pato-bravismo intolerável exigir ao
país mais sacrifícios para que os nossos governantes andem de jacto
executivo. Nós granjearíamos muito mais respeito internacional
chegando a cimeiras em voos de carreira do que a bordo de um qualquer
prodígio tecnológico caríssimo para o qual todo o Mundo sabe que não
temos dinheiro.

JN - Mário Crespo. Jornalista

terça-feira, 12 de maio de 2009

Hoje novamente um livro: A Balada do Ultramar.

Há um espaço vazio entre o titulo e esta entrada no Biquatas, é um silêncio escrito…
Foi o que ficou em mim, depois da explosão de choro que ele provocou. Por isso passou este tempo, entre a leitura e este comentário. Porque abriu feridas nunca fechadas, porque disse exactamente uma enormidade de coisas que eu sinto, penso e digo aos amigos que me fazem o favor de me ouvir (incansavelmente) falar daquele lado do mar e do tempo.
Demorou também porque enfiei na cabeça que iria (e vou) falar com o autor para lhe agradecer, ter dito o que disse e com tanto sentimento, e então depois escreveria nesta incógnita tribuna. Só que ainda não tive coragem para procura-lo. Ainda estou de ressaca do livro, que tocou cá dentro de uma forma como nunca imaginei.
Quando o vi na montra, sem sequer pensar soube que iria lê-lo. Quando comecei, pensei que era um romance que iria contar uma história passada num sitio e num tempo de onde eu nunca sai verdadeiramente. Mas enganei-me. É um grito de raiva, dor, saudade, incompreensão e uma infinidade de sentimentos indescritíveis, que nos povoa a alma, ou melhor, nos assombra a alma. E ele disse. Disse tudo, com as letras, todas muito bem organizadas e os sentimentos incontroláveis…
Para si meu caro senhor que não irá ler este sentidíssimo e muito agradecido comentário o meu MUITO OBRIGADO.

Eu também sou se de Angola e ainda digo jindungo, geleira, curita e jinguba… e continuarei a dizer.



O livro chama-se como já referi chama-se A Balada do Ultramar, é de Manuel Acácio e foi publicado pela Oficina do Livro.

sábado, 9 de maio de 2009

DEVIA SER FERIADO!


Treze de Maio é uma das datas que mais mobiliza os Portugueses. É um dos momentos do ano (tal como 13 de Outubro) em que se renova espiritualmente o sentir da Pátria, se recarregam energias, e tão necessitados estamos. É o momento em que nos abastecemos de ESPERANÇA… Coisa que mais do que o dinheiro ou o rumo nos escasseia.

Claro que isto é absolutamente chinês ou qualquer outra língua inacessível, para os novos (livres) pensadores dominantes, encafuados na sua resguardada posição agnóstica. E o resultado está à vista. Crise económica, que não é mais do que a materialização da crise de valores espirituais.

É que não se muda o Homem por decreto. Não se altera a natureza pelo facto de alguns espécimes conterem erros genéticos (no corpo ou na alma). A nossa forma de ser, em quanto espécie, está para além dos nossos limitados creres individuais, normalmente enfermos de egoísmos incontrolados, limitações de vária ordem.

Despir de espiritualidade, aquilo que tem uma dimensão natural metafísica, é amputar. É esvaziar, tornar amorfo. Claro mais domável. Apregoa-se umas supostas liberdades, eventuais evoluções, fictícias igualdades.

A formiga num carreiro vinha em sentido contrário…
São aos milhares e parecem formigas incansáveis. São(somos) a reserva moral desta nação.
São os crentes, simples de todos os tipos e estratos da sociedade Lusitana.
E dizem: Mudem o rumo, “nos temos outro carreiro”…

São os Católicos que fazem mais de 70% da assistência social bem feita em Portugal. Estão em todos os sectores de actividade. Mesmo que pouco esclarecidos quanto ao que quer dizer, a maioria dos Portugueses assume-se Católico. São pacíficos, socialmente, juridicamente, economicamente, civicamente correctos.
(São os maiores fornecedores de feriados)
São 89,8% - 9,38 milhões.

Mas isso é difícil para espíritos vazios. Rezaremos por eles na peregrinação de Maio a Fátima e voltaremos a faze-lo em Outubro…

Miraculosa Rainha dos céus
Sob o teu manto tecido de luz,
Faz com que a guerra se acabe na terra
E haja entre os homens a paz de Jesus