debruçada sobre o mar

debruçada sobre o mar

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Eu nunca gostei de palhaços.

Mão amiga fez chegar até mim. Eu não podia deixar de partilhar. Com o devido respeito por quem publicou e por quem escreveu.


O palhaço
O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada.
O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso.
O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes.
Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si.
O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos.
Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos.
E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa.
O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos.
O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas.
O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém.
Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem.
O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público.
E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal.
Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço.
Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.

por Mário Crespo. Obrigado.

Eu nunca gostei de palhaços. Nem sequer de Circo.
Bom de mais para estar só neste blog. Encontra-se também publicado no Poia o nosso blog sombra.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

FACE PERDIDA

Depois de tudo o que se tem passado esta é operação que este regime republicano pretensamente democrático e decadente, tem que fazer. Assumir que perdeu a face.

Cirurgia estética recomenda-se.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Luanda Angola Portugal,


Hoje faz anos que pelas cinco e tal da tarde, eu, a minha mãe e as minhas irmãs nos deslocamos ao Palácio de Sua Exª o Sr. Governador Geral para vermos uma última vez a bandeira nacional encarnada e verde com as quinas hasteada no mastro principal da Província.

Estava um fim de tarde típico de Luanda. Com aquela iluminação dourada e uma brisa suave.

Fomos para um último acto de sentimento de pertença patriótica.

Mas ironicamente a bandeira já tinha sido retirada (vim a saber muitos anos mais tarde por volta das duas, para evitar confusão…qual? Num país que estava em guerra). Ironia porque aquele dia era a véspera da “independência”. Ironia porque aquela data não significava nada. Era nada. Ser nessa noite ou noutra qualquer era indiferente. O País estava esventrado a Província incendiada e o povo estilhaçado. Podem chamar-lhe independência. Podem mesmo chamar-lhe o que quiserem. Nunca será nada do que lhe quiserem nomear, se não lhe chamarem …morte.

Lembro-me e ainda oiço o silêncio triste que se fez depois da decepção em todo o regresso a casa.

(Também me lembro da última vez que ouvi o hino nacional, dias antes e de ter chorado. Da minha mãe me ter falado da possibilidade de uma vez eu crescido poder vir à Metrópole matar saudades de Portugal.)

Luanda Angola Portugal, continua e continuará a ser o meu local de nascimento e o meu endereço emocional.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Uma noite escura sem fim

Faz anos de uma noite negra, muito escura de que ainda não se verá o aproximar da aurora.
Faz anos que de rádio no ouvido acompanhei a proclamação da independência de Angola.
E quanto a isto há muita coisa para se escrever.

1 Não foi independência e muito menos de Angola. Foi uma proclamação patética de supostas boas intenções para um eventual país. Mas no momento em que isso aconteceu foi para um território chamado Luanda. E nem foi todo o distrito. O Kifangongo estava ocupado por forças opostas aos declarantes da tal suposta independência.
2 Não foi independência porque por força da guerra fria, aquele pedaço de terra a que os portugueses deram o nome de Angola, passou automaticamente das mãos Lusas para as soviéticas ainda que por entrepostas (cubanas) mãos.
3 Os independentistas não estavam de acordo entre si e até houve duas declarações simultâneas. Luanda e algures na mata, ao sul de Angola. E como era kandengue não me lembro se a FNLA também deu o ar da sua graça.
Foi um tempo histórico. O dia 10 foi calmo e com um clima de emoção nervosa. Honestamente acho que toda a gente estava à espera que desse porcaria da grande, com um ataque massivo dos fnela e um delírio mortal da população luandense, que entre bebedeira, medo e fúria contida desse para a estupidez. Falemos claro os poucos brancos parvos que ainda restavam, mesmo os ligados ao mpla estavam receosos.
Era uma expectativa total. E muito medo. Sim muito medo.

O dia foi interminável. A noite foi calma. Pela meia-noite a voz trémula e ridícula do camarada presidente dr. Agostinho Neto, primeiro presidente da Republica Popular de Angola (na altura havia muitas republicas populares e democráticas que à falta das ditas a tinham no mome) proclamou a independência de Angola (Luanda, que era a região que ele controlava).
Lembro-me bem. Estava deitado, bem como toda a família, cada um na sua cama, com a casa completamente esqura e com o meu transístor portátil, rádio, mesmo, como se chamava na altura. Chorei. Não sei porquê muito bem. Mas chorei e tive aquilo que anos mais tarde vim a perceber. Uma profunda angústia.

Não me lembro do dia da semana, mas foi feriado.

No dia seguinte, por ser feriado, tomamos um pequeno-almoço calmo em família. Os adultos estavam aliviados, não houve mortandade, nem ataque invasor na noite mais temida das nossas vidas. Lembro-me de comentar com a minha irmã mais velha que ele (Neto) tinha dito que haveria liberdade religiosa. Um pouco como exorcismo desse e outros medos. Mas o receio era grande.
Fomos à praia (pode parecer estupidez, mas a guerra torna as pessoas esquisitas). Fomos à ilha por ser mais perto da cidade e ficamos do lado de dentro da baia. Estava um dia cinzento medianamente quente e vazio. Sim isso mesmo, vazio. Da rua Lopes Lima até à ilha, como se calculará, não poderei dizer quantos carros e pessoas vi. Mas posso dizer que aquele trajecto nunca foi tão despovoado. Facto aliás que vinha acontecendo há alguns dias de forma crescente.
Lembro das conversas dos grandes serem ente a expectativa cautelosa, a pessimista e a leve esperança que num futura certamente longínquo fosse bom.
Mas foi aquilo que se viu.
Lembro-me terminando a declaração do raramente sóbrio camarada presidente Neto que proclamava um independência para todos os angolanos independentemente da sua raça, credo, sexo ou ideologia política, onde todos deveriam viver em liberdade.
Não sei se mentiu ou se não sabia o que era liberdade.
Ainda permaneci (quase) um ano nessa Angola independente, onde o medo da guerra se juntou ao medo de um regime arbitrário e desumano como são todos os regimes comunistas.
Talvez noutra ocasião me disponha a falar da guerra e do dia-a-dia nesse “libertado” pais.
Fica a nota que é importante: esse país (se o for) tem as fronteiras que têm e a sua consequente riqueza porque muitos portugueses anónimos morreram lutando para que assim fosse. Nenhum angolano lutou e deu a sua vida como esses bravos do fim do século XIX o fizeram. Esse cujos herdeiros foram prosseguidos, mortos e proibidos de viverem na terra que eles ajudaram a alargar.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Publicidade grátis

Já percebemos que o Amargo tem problemas com a sua vida espiritual, com a sua fé (ou com a falta dela).
Já percebemos que tem uma obsessão com a Bíblia. Mas isso é um problema dele. Porque é que não vai fazer um livro sobre o partidinho dele. Ou uma ficção em que o Lenin era gay e tinha um caso com o Stalin. Ou uma em que o Cunhal era um informador da pide que tinha uma paixão secreta por um escritor que foi viver para uma ilha no atlântico que já tinha morrido à vários anos e não tinha dado conta.
Porque é que ele não se torna espanhol já que até acha que deveria ser tudo a mesma coisa, e escreve só em castelhano crónicas sobre um reino socialista.
Porque é que temos que o aturar.
Porque é que ele não usa outro tipo de assunto para fazer publicidade aos seus livros. E já agora, porque é que não usa algum do dinheiro que ganhou na Suécia para contratar um professor primário para lhe ensinar a fazer acentuação.
Badacáca pró cadáver !!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Prémio Nobel da Paz para Obama...

?!!?


Porque não o da literatura…pode ser que o homem venha a escrever qualquer coisa.!!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009


Bolgue Sombra

Chamo atenção ao milhares de leitores deste espaço inernetico para o facto de não termos deixado passar esta data sem devidamente assina-la com a abertura de um blog sombra para o qual se convida a uma espreitadela.

domingo, 27 de setembro de 2009

Estupidez (+ de) 30% – País 0

Os professores (menos eu e a minha mulher), os médicos, juízes, enfermeiros, militares, funcionários públicos, as suas famílias, as pessoas que ficaram sem posto médico, sem escola primária por perto, as mães das crianças que nasceram nas auto-estradas e os seus pais, todos os que perderam o emprego, os empresários que tiveram que fechar as suas empresas, os descontentes os que protestaram durante quatro anos, hoje não votaram…certo? Ou estaremos perante um caso de auto flagelação?

Esta noite eleitoral, parece uma reportagem de Curral de Moinas.

Passa a ser proibido qualquer queixa! Passa a ser obrigatório marcar a fogo nas testas uma marca a dizer, eu sou culpado!

Proponho que o voto passe a ser público, para que ninguém fuja das suas responsabilidades e para que se possa passar os devidos atestados de estupidez, de masoquismo e as notas de culpa.

A democracia prova-se é uma arma letal nas mãos de gente imbecil. O povo confirma-se é estúpido e gosta de sofrer.

Afinal a sigla PPM significa Partido Português Masoquista e foi o grande vencedor numa coligação feita com vários partidos pequenos e os Sucialistas.
Confirma-se que se o PÁ, Partido Abstencionista, também conhecido Abéculas, Alianados, Anormais, Asquerosos, tivesse concorrido tinha ganho.

Os cidadãos de bem ficam reféns destes todos anteriormente referidos.

Nada de surpreendente. Um povo que fez o 5 de Outubro, a primeira república e o prec, já provou que é capaz de coisas fantásticas.


Definitivamente, eu devia ter nascido nos anos 30 do século passado e vivido a sul do equador, naquele sitio que nós sabemos, morrido em 1973.

Viva Portugal, o mártir. Viva eu também infeliz cidadão de tão desgraçado país dotado de tão miserável povo. (Ainda deve ser resultado do obscurantismo salazarista que tolheu os cérebros lusos)

Gostaria de viver aqui…




E fazer deste feliz e luxuoso país o meu…mas não tenho dinheiro. É natural sou funcionário público português depois de quatro (4) sécu… anos deste governo…

Talvez adopte este país…


Porque me parece mais semelhante ao meu. E, bem, sempre foi capaz de se libertar do comunismo…

Mas o meu objectivo é chegar e adoptar este…



Chama-se Nauru, os meus amigos sabem da minha paixão excêntrica por esta ilha quase desabitada, quente e suficientemente longe. Não tem classe política, o ministro da saúde dá consultas, a maioria da população tem problemas cardíacos, o que me colocaria invulgarmente ligado a uma maioria. É sustentando por estrangeiros, o que me vai fazer sentir normal, (só não é a união europeia), é no hemisfério sul, vai fazer-me lembrar a infância…

PRESTAÇÃO

prestação (latim praestatio, -onis, pagamento, satisfação, garantia) s. f.
1. Acto ou efeito de prestar.
2. Pagamento a prazos.
3. Quantia que se paga em cada prazo.

Foi isso que hoje fui fazer. O estado Republica Portuguesa pagou-me hoje mais uma prestação do resgate que eu e a minha família, como muitas outras famílias portuguesas e mais umas (em muito maior número) quantas que deixaram de o ser, sem que lhes perguntassem; pagamos para haver uma coisa, cada vez menos credível chamada democracia.

Porque sou um cidadão que cumpre os seus deveres de cidadania e porque amo profundamente a minha Pátria, lá fui.

Sempre que o faço, naquele momento em que estou só comigo para fazer uma cruz, nunca consigo estar só comigo. Lembro-me dos meus amigos de infância a quem foi negado o direito de o fazer. Vejo sempre a tinta a encarnado, do sangue dos milhões que morreram ou ficaram feridos no corpo ou na alma, para poder, dizem, instaurar a democracia neste meu amado País.

É um preço (não foi, é, ainda é) demasiado alto, para que tantos beneficiários se recusem a “beneficiar”.

Afinal o estado português é de boas contas, vai pagando. Pena é que não tenha perguntado se queríamos este preço e se os pagantes estavam dispostos a servir de moeda.
Mas isso é umas biquatas que eu tenho na minha cambeça.





Hoje um número incalculável de pessoas vão fazer uma coisa, que não fizeram. Isto é: vão votar, a sua escolha vai mostrar-se errada e depois vão dizer que não votaram nesses “seres”.
As maiorias, absolutas ou relativas, são sempre fantasmas. Ninguém vota nos maus governos.
CONFESSEM, POUCOS OU (QUASE) NENHUNS, JÁ ESTAVAM COM SUDADES CÁ DO CANDENGUE. FOI UMA PAUSA PORQUE TENHO BUÉ TRABALHO. MAS VOU CONTINUAR POR AQUI.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O preço da diferença

A constituição da republica , no capitulo dos direitos liberdades e garantias defende, certamente não nesta redacção, pelo menos nos princípios a liberdade de ser diferente. Não sei se no mesmo capítulo, alínea, ponto (ou virgula) a possibilidade que tem que ser respeitada de sermos diferentes, escolhermos coisas que a maioria não escolhe e não sermos incomodados, prejudicados por isso. Fica bem. É sério (especialmente se for cumprido). É civilizado.

Não sei se está escrito (certamente que sim) em algum lado, por algum vulto da história humana na área do pensamento e desenvolvimento humano, que cada escolha implica prescindir de algumas coisa.

É isso mesmo que alguns diferentes, não fazem. Ou não querem fazer. E chegam mesmo a lutar para que não aconteça.

Se sou diferente, não quero sujeitar-me a convenções…é suposto então que prescinda das condições (também elas convenções) que elas me garantem.

Eu pago impostos. (sou obrigado e se não fosse, certamente não nesta quantidade, mas estaria disposto a pagar na mesma). Logo tenho direito a, entre outros a protecção policial, assistência médica, liberdade de circulação no meu pais. Estou recenseado, como é de lei (uma convenção legal), logo posso (e devo) votar. E “vai por ai fora” sujeito-me a uma convenção, escolho, sujeitar-me… logo há coisa que prescindo.

Não é portanto lógico, que se eu não estiver disponível, para me sujeitar a uma convenção social como o casamento, queira ter todos os direitos que ele me dá. Não é lógico, não é honesto, não é coerente.

Não sei, nem me vou dar ao trabalho de saber as razões apresentadas (assumidas e as outras) do presidente da república para vetar o diploma das uniões de facto.

Mas, se não se está disponível para se submeter a convenções sociais (isto é algo que a sociedade determinou explicitamente ou implicitamente), então deverá dispensar as vantagens/contrapartidas/consequências dessa mesma sociedade, a que não se pode pertencer, sem pertencer.

Quem casa fica abrangido por uma série de obrigações e direitos. Se prescindo, se recuso esse incomodo do burocrático, se duas pessoas não necessitam de um papel para estarem junto, não vão querer que um outro papel lhes confira uma série de condições.
Se quiser é incoerente, que é uma forma delicada de chamar desonesto. Mas é. É isso mesmo.

O mesmo se aplica aos “casamentos” (ou outro nome que der mais jeito) gay. O direito à diferença (visto que não é doença, é escolha) comporta o gosto, prazer, satisfação interior/intelectual. E alguns limites…

sábado, 15 de agosto de 2009

Deixem os crentes em paz.

Hoje é dia 15 de Agosto, dia da Assunção. Dia importante na terra de Santa Maria. Nos somos terra de Santa Maria, nação fidelíssima. Por isso é feriado nacional.

Este ano calhou a um Sábado. Se não era mais um dia de pausa, pretexto para festa, laró, farra, gandaia, o nome que se lhe quiser chamar. Para uns quantos em que me incluo é também dia de Santa Missa. Cuidado com a gripe!!!!!!! Não se pode dar o abraço da paz, não se pode receber a Santa Hóstia na boca. Os responsáveis (que por acaso foram os primeiros a falarem, com prudência e bom senso) da Igreja são inquiridos até à exaustão sobre planos de contingência, providencias tomadas e….a possibilidade de se evitarem ou cancelarem cerimónias religiosas.

Este vírus é mais que mutante…é selectivo… só ataca em Missas, peregrinações a Fátima ou outros eventos do género. Deve ser um vírus com convicções religiosas. (Católicas).
Se não vejamos. Quem pensou em planos de prevenção ou cancelamento de:
Festivais de Música ( a lá Woodstock) que nesta altura do ano surgem em cada esquina?
Quem ponderou , ou perguntou à federação de futebol, adiar, interromper ou tomar alguma previdência agora que a grande liga começou?
Alguém ponderou a possibilidade de se proibirem, sim é esse o termo, sejamos firmes no combate sem tréguas a essa nova peste. Alguém ponderou a possibilidade de não se fazerem festas de verão no Algarve ( ou noutros sítios)?
E largadas de touros ou touradas?
E arreais populares?
E fechar a mesquita?
E os cinemas?
E os centos comerciais?
(são Bento não é necessário que por agora até tá fechado e a perda não é grande)

Deixem os crentes Católicos ( e os outros) em paz. Não há um único Católico que queira contrair ou contaminar ninguém com nada. As autoridades religiosas foram das primeiras, através das suas estruturas pastorais a tomarem iniciativa de alterarem o que tinha que ser mudado no sentido da prevenção. Evitem as tentativas de impedirem as pessoas de se juntarem e celebrarem a sua Fé. Cancelem essa investida contra direitos que essa coisa chamada constituição da republica garante tão simples, como liberdade de associação e liberdade religiosa.


E louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado com sua Mãe Maria Santíssima.

Um dia...

Hoje é dia santo.
De manhã fomos à missa no Carmo. Ainda um pouco ensonado por causa da farra da noite anterior. Um bolo de arroz na “Baratinha”, seguiu-se, praia da Curimba. Na vinda, um salto ao largo Maria da Fonte para comprar um churrasco da Avicuca.
Depois de descansar. Lá mais para o fim da tarde, verifica-se na Província qual o cartaz de cinemas.
Uma sessão no Miramar. Para aproveitar o fresquinho que vem da baia depois do por do sol.


Só para quem viveu dias assim…e para mim que por dentro ainda os vivo…

Dia da Cidade de S. Paulo da Assunção de Luanda.

Dia da Cidade. Hoje era dia da Cidade. Dia da Cidade de S. Paulo da Assunção de Luanda.

Se não há terrinha por mais pequena que seja, em Portugal, que não tenha a sua festa, nós também tínhamos, como terra portuguesa a nossa.

Naturalmente celebrar-se-ia a reconquista de Angola aos Holandeses e o Dogma da assunção de Nossa Senhora ao Céu. Para mim que vivo em dois tempos e dois sítios é duplamente festa.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um abraço Patriótico.


Os meus emocionados parabéns pelo feito! Uma condecoração imediatamente para estes heróis. Já.


In 31 da Armada blog…com a devida vénia e para prestar a devida homenagem…





Daqui posto de comando do Movimento do 31 da Armada:
Durante a madrugada de ontem, e apesar da forte vigilância policial, elementos do 31 da Armada (Darth Vaders) subiram heroicamente até à varanda do Paços do Concelho e hastearam a bandeira azul e branca.

Há 99 anos atrás, no dia 5 de Outubro, um punhado de homens, contra a vontade da maioria dos Portugueses, tinha feito a mesmíssima coisa proclamando assim a república. O resto do país ficou a saber por telegrama.

Hoje, aproveitando as férias de verão e numa inédita acção de guerrilha ideológica, foi restaurada a legitimidade Monárquica. Podem permanecer calmos nas vossas casas: foi restaurada a Monarquia. E o país fica a saber pela internet. A acção foi devidamente filmada e o video será disponibilizado ao final da tarde.
É o contributo do 31 para as comemorações do centenário da república.



Ou simplesmente: Boa!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ainda está para nascer…



Ainda está para nascer…

Um pouco de elegância...
Humildade

Algo…pior…

Se calhar até já podia ter nascido, mas foi voluntariamente interrompido…

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Lúcido.


O governo não vê um boi… o único ministro que o viu…foi demitido.

Ou

O povo já os pôs ao governo…o único ministro que os assumiu…foi demitido.


Viva o Manel
Prémio Cocktail- Lúcido/Corajoso/Louco

sábado, 27 de junho de 2009

Que perfeito coração no meu peito bateria . Que perfeito coração no meu peito morreria, nessa mão onde perfeito bateu o meu coração.


Uma brisa, um raio de luz num ângulo indefinível, uma música, um objecto antigo, um pensamento distraído…, ou nada disso, mas qualquer coisa… tudo me serve, tudo me leva.
Muitas vezes desatento, outras de surpresa ou pressentidamente sou raptado a esta existência presente. Sem domínio possível, quando dou conta, já aqui não estou.

Vagueio inerte. Vivo na memória. Em manhãs frescas e cinzentas de Cacimbo.
Passeio então por caminhos já mil vezes percorridos, na estrada da Curimba, na Ilha virado para a cidade, paro na Fortaleza.

Ou noutros sítios que sou eu sei e algumas vezes mal identifico. Nesses sítios felizes. E lembro-me de objectos, frases, instantes…lembro-me do que foi como se me lembrasse do que seria, do que é no meu peito.
É quando, sorrio e revejo translúcidamente por de trás das águas que carrego comigo.

Não sou assombrado, assombro. Dorido e feliz vou como volto.

Foi o caso desta letra/poema de O`neil.
Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
Tudo a propósito do excelente produção Amália Hoje. Obrigado pela qualidade, pela viagem de que ainda não voltei…

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Transracial.

Morreu o primeiro caso de transplante racial da história. O primeiro caso de um ser humano que nasceu preto e morreu branco. Um tal de Jackson, que entra para a história por ser um pioneiro neste tipo de mudança.

Ficaremos atentos ao primeiro chinês a tornar-se japonês. Ou do primeiro nórdico a transplantar-se para indiano.
Depois da ida à Lua, é o mais gigantesco passo para a humanidade…

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O drama da diferença e da repressão de uma singularidade genética


Eu assumo!O drama da diferença e da repressão de uma singularidade genética
1. Peço que me desculpem os leitores mais conservadores, a quem esta minha confissão pública possa chocar.
Peço que se acolha esta minha declaração com tolerância, que é a virtude cívica que se define como indiferença ante o bem e o mal, e que, por isso, proíbe terminantemente qualquer imposição ou condenação em termos morais.
Peço para mim e para todos os que sentem na pele o estigma de uma excepção que nos foi imposta pela natureza, à revelia da nossa vontade, uma plena integração social, pondo assim termo à injusta discriminação a que fomos expostos e que continuamos a padecer.
Peço e exijo que, em nome da igualdade, se nos aceite como somos: iguais na diferença e diferentes na igualdade.
2. Desde que tive consciência desta minha particularidade de género, experimentei a segregação a que todos os que partilhamos esta condição somos, por regra, expostos. Com efeito, qualquer tímida manifestação desta nossa anormalidade – que o é, convenhamos, em termos estatísticos – é logo censurada por severos olhares que, não obstante a sua mudez, nos gritam o drama da nossa reprimida singularidade genética.
Mas hoje, finalmente, graças à abertura e compreensão dos nossos governantes, que parecem não ter outra preocupação que não seja a de pôr termo a estas injustiças atávicas, tomei a decisão de me assumir publicamente: sim, sou canhoto! Afirmo-o pela primeira vez sem complexos, diria que com orgulho até, disposto mesmo a desfilar numa triunfal canhotos’ pride parade!
3. Cônscio de que a democracia está incompleta enquanto não nos forem dados os mesmos direitos que já usufruem os dextros, não posso deixar de fazer algumas reivindicações. A saber:
Exijo que o Estado financie as operações de mudanças de braços e mãos, pernas e pés, de todos os canhotos que queiram mudar de género!
Exijo que todas as cadeiras dos anfiteatros tenham igualmente amplos os apoios dos dois braços, e não apenas o direito, como pretende a maioria fascizante dos dextros!
Exijo que nós, os canhotos, tenhamos direito a carros com o travão de mão à esquerda e os pedais invertidos (com perdão!), pondo assim termo à imposição, por parte da indústria automóvel, de um único modelo comportamental!
Exijo que as autarquias reconheçam o nosso inalienável direito a circular pela esquerda, criando um itinerário alternativo canhoto (IAC)!
Exijo que seja despenalizada, para os canhotos, a condução em contra-mão e que sejam imediatamente amnistiados todos os esquerdinos que, por este motivo, já foram hipocritamente condenados por tribunais dominados pelos dextros!
Exijo que o trecho bíblico que coloca à esquerda de Deus os condenados e à sua direita os bem-aventurados, seja alterado, de modo que se não possa associar aos esquerdinos nenhuma humilhante inferioridade de género.
Exijo que a expressão «cruzes, canhoto!» e outras análogas sejam criminalizadas, pelo seu evidente cunho canhotofóbico.
E, claro, exijo também o direito à adopção de crianças dextras por casais esquerdinos!
4. Graças ao carácter fracturante desta minha proposta, que suponho também assumida por todos os outros cidadãos da mesma condição, quero crer que será acolhida favoravelmente por todos os partidos políticos que têm pugnado pela igualdade de género. Afinal de contas nós, os canhotos, também somos de esquerda, não é?
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Fantástico! Absolutamente fantástico. Um índice de verdades por palavra absolutamente fantástico. Parabéns à Voz da Verdade, por ser verdadeiramente Voz de tão indesmentíveis Verdades. Corre o risco de ser o prémio Biquatas para o Artigo do Ano. Parabéns P. Gonçalo.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Antigos Hoquistas de Angola.

Foi dia 5 de Junho o encontro anual dos AHA. Antigos Hoquistas de Angola. Não foi possível estar presente (fisicamente).

Fica aqui a homenagem de um puto que foi feliz a ver os mestres dos patins na sua terra natal e que no ano passado teve um dia de sonho ao conhecer e (nem deu para acreditar) cumprimentar: Chalupa, Daniel, Sampaio, Magalhães… Esses mesmo vocês sabem de quem é que eu estou a falar como dizia o outro.
Tudo isso se deve a um amigo do peito chamado Mestre Francisco Nascimento que entre outros bravos da minha memória organizam esse fantástico encontro a que para o ano se Deus quiser contará com o mais deslumbrado dos convivas e que sou eu, por estar rodeado desses SENHORES do desporto do Hóquei e da minha infância.

Percebe e sente, quem com 5,6,7,8,9 anos teve o privilégio de os ver semanalmente nos templos do desporto como eram o campo do Benfica, do ASA, do Luanda (primeiro o Quintalinho, esse mágico recanto e depois mas por pouco tempo o Pavilhão da Cidadela) do Ferrovia…

Um obrigado a eles. Um abraço ao Francisco por tudo que tem dado a este saudoso Candengue.


Ainda falta dar um abraço ao Imenso Saraiva…

«Reinventar a Solidariedade (em tempo de crise)»

Bispos reflectem sobre a acção social da Igreja

Os bispos portugueses vão estar esta semana reunidos em Fátima nas Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa. Num ano profundamente marcado pela crise económica e financeira, e na sequência do Simpósio «Reinventar a Solidariedade (em tempo de crise)» que a CEP realizou a 15 de Maio, os bispos portugueses querem aprofundar a reflexão e por isso, vão centrar-se no tema «Pastoral sócio-caritativa: Novos problemas, novos caminhos de acção».
Um comunicado enviado à Agência ECCLESISA dá conta que, para além dos bispos portugueses, estarão presentes dois delegados de cada diocese, "particularmente responsabilizados no campo da pastoral social".A jornada que começa na tarde desta Segunda-feira e termina no dia 18, Quinta-feira pelas 14 horas, vai contar com a ajuda de "alguns professores da Universidade Católica Portuguesa", do Secretário da Comissão de Assuntos Sociais da Conferência Episcopal Francesa, o Pe. Jacques Turck, entre outras individualidades. O mesmo comunicado aponta que as conclusões das Jornadas serão apresentadas à comunicação social na tarde de Quinta-feira, às 14 horas. O Pe. Manuel Morujão, porta-voz da CEP afiram ainda que "eventualmente serão abordados alguns pontos da breve Assembleia Plenária dos Bispos que terá lugar na manhã do dia 18".
Na conferência de imprensa estará presente D. Jorge Ortiga, Presidente da CEP, o Vice-presidente, D. António Marto, o Pe. Manuel Morujão, secretário da CEP e ainda D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.

in Agência Ecclesia

Pois… Aquele instrumento repressivo das liberdades individuais e retrógrado é a primeira e mais consistente mão que estende para ajudar… sem ser moda ou em momentos de inegável dificuldade como o actual…

Fica sempre bem gritar pelos direitos das classes exploradas e desprotegidas. Mas ainda fica melhor estar no terreno sem alarde, sofrendo as agruras com quem sofre, tirando de si para dar. Mas dar discretamente. Por isso é que só me falam das riquezas do Vaticano e do luxo dos paramentos e vestes papais. Os milhões de horas (vidas) e de euros, dólares ou qualquer unidade monetárias de ofertas…essas são invisíveis.
Sabemos que em Portugal é a Igreja é a primeira a registar e a avisar quando a pobreza ataca. Pois também é a primeira e muitas vezes a única a ajudar.

É a tão desrespeitada expressão CARIDADE. Agora usa-se muito a palavra solidariedade. É bonita asséptica, distante, agnóstica. E claro não compromete. Pode-se ser facilmente solidário com o povo da Somália, do Afeganistão ou outro país distante e inacessível. Dá para mandar umas roupas que já não fazem falta ou uns brinquedos que já não brincam, para umas crianças tristes e sujas. Dar banho e almoço, isso já é caridade.
Atravessar a cidade, a rua ou simplesmente o piso, para bater à porta do vizinho que está em dificuldades…isso é muito difícil. É necessário ser, sóbrio, arrojado, discreto. Ser verdadeiro. E isso custa. Além de que o que se dá, tem mesmo que ser dadiva. Fica difícil dar o resto do jantar, o cobertor velho, ou dar um sabonete. Porque primeiro terá de se dar amor e tempo. E isso é muito difícil.

Nós os que amamos Cristo. Com todas as dificuldades e limitações, ousamos tentar…
Tente você também.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

PORTUGAL, PÁTRIA COM RAÇA


Hoje é dia de Portugal. É como se fosse dia de anos de alguém que gosto muito.
É dia da Pátria, terra do pai.
É dia da raça, da raça Lusitana.
É dia da Nação neste, no anterior, e no anterior ao anterior regime. Significa que não é porque uns patetas quaisquer pegaram numas armas fizeram uma arruaça libertadora e a data tornou-se num dia carregado de simbolismo.

Não. É dia de Portugal a minha Pátria porque é o dia em que morreu o seu maior poeta e bravíssimo filho desta Nação.

Depois, porque há sempre quem tenha medo de disser as coisas por não ser capaz de ser, deixou de ser dia da raça, é que havia muitos (isto é uns quantos e por poucos que fossem eram e são de mais) que não tinham a raça.

Acrescentou-se as comunidades emigrantes portuguesas…pode ser. São muitas vezes pessoas que vivem a Pátria de uma forma muito típica (saudosa), com honra da sua cultura (étnica), isto é com raça…

Para mim era o dia, em que pequeno, pela mão daqueles que me transmitiram o sangue, a língua e o amor a uma ideia irresistível de nação que começou num pedaço de terra, era o dia, dizia, em que eu ia à Marginal, forma popular de designar Av. Paulo Dias Novais, ver as tropas de Portugal, desfilarem.
Vivi as cores, ouvi as fanfarras e os cânticos dos Flechas, senti nos meus pés o passo e a emoção daqueles valentes ou simplesmente obedientes homens de várias raças, passearem com garbo a sua Raça.


Por acaso do calendário, ano houve em que o dia Santo de Corpo de Deus coincidiu com o dia de Portugal. Com a inocência própria de quem é criança, ficou claro na minha cabecita, que dia de Portugal e Corpo de Deus era um só dia. E tinha razão de ser. Se somos (ou éramos?) uma nação Católica, éramos (somos?) corpo cuja cabeça é Cristo.

Biquatas da minha simplicidade de candengue.

Viva Portugal, Viva a nossa amada Pátria…

Porreiro pá! Ou Abstenção 1 Regime 0

Prefiro a primeira, pelo autor de tão bela e poética afirmação. Sem mais…

sábado, 30 de maio de 2009

Isto de não ser de esquerda

Os caminhos da liberdade são muitos e misteriosos. Mas talvez só à direita se possa perceber isso. Fui para a direita para ser livre

Cresci num país "a caminho do socialismo". O governo era de esquerda, os meus pais eram de esquerda, os professores no liceu eram de esquerda, os jornais eram de esquerda, os cantores da moda eram de esquerda, os militares eram de esquerda, os bispos eram de esquerda e até os partidos ditos de "direita" também eram de esquerda (do "centro-esquerda").
Aqueles que viveram nesse Portugal de há trinta anos sabem do que falo. O ar cheirava a esquerda e parece-me que até a comida sabia a esquerda. A sabedoria, o talento e a bondade só podiam ser de esquerda.
A esquerda era o bem. Ser de esquerda era estar salvo, redimido de todos os pecados, isento de todas as dúvidas, dispensado de todas as reflexões. O respeitinho era de esquerda.
Num país assim, era talvez fatal que a perversidade inerente à adolescência me levasse a acreditar que nada do que me fascinava pudesse ser de esquerda.
Henry James, Borges, Nabokov não eram de esquerda. Os Estados Unidos não eram de esquerda. A rapariga mais bonita do liceu também não era, aparentemente, de esquerda.

O que era não ser de esquerda?

Era ler os poemas de Fernando Pessoa sem os reduzir à "expressão da angústia de classe da burguesia". Era reconhecer que o Natal não era quando um homem quisesse ou que o mundo não pulava e avançava como bola colorida nas mãos de uma criança. Era chamar as coisas pelos nomes e perceber os limites de tudo.
Era aceitar o pluralismo e a contradição como características permanentes da humanidade, e não como imperfeições para serem passadas a ferro pela planificação científica da sociedade. Não ser de esquerda era compreender que Cuba era uma ditadura, ponto final.

Onde tudo começou

Eis como fui parar à direita - um lado que, depois da revolução, era como aqueles descampados entre prédios onde brincávamos em miúdos: um espaço vago, sem organizações, sem hierarquias, sem rituais, sem dogmas, sem líderes. Foi por aí que passei a andar, anarquicamente. Se tivesse nascido noutra época, estaria eu noutro lado? Talvez.,no ano passado, li um texto em que Bernard Henri-Lévy justificava as suas parcialidades políticas. Descobri, sem espanto, que as razões pelas quais ele diz que é de esquerda são precisamente as mesmas pelas quais eu digo que não sou de esquerda, ou, se preferirem, pelas quais eu estou à direita (não digo "ser de direita", porque esse é um ponto de vista da esquerda).
Resumo: ele fez-se de esquerda para ser livre; eu fui para a direita pela mesma razão. Os caminhos da liberdade são muitos e misteriosos. Mas talvez só à direita se possa perceber isso.

Rui Ramos, Publicado em 30 de Maio de 2009 no I
Bom de mais para ler e ficar calado.

domingo, 24 de maio de 2009

Belenenses é de primeira. Mas vai a águas…

No meu perfil tá lá escarrapachado Belenenses. Portanto o improvável leitor compreenderá:

Pode baixar de divisão. As vezes que baixar. Ou subir. Eu sou e serei Belenenses.

Ser belenenses é uma forma única de gostar de futebol, de torcer. É simpático, descomprometido. Não há belenenses fanáticos. Pode haver e há ferrenhos. Mas somos gente de um enorme desportivismo. Festejamos quase sempre. Se “vamos à Europa” o que já não acontece, se ficamos quase na zona europeia, se safamos da descida…e agora preparamo-nos para festejar o regresso à primeira divisão que é como eu gosto de chamar. (É, sou desligado)

Lembro-me de 1972/73 a época mais perfeita de sempre do futebol Pátrio e inicio da minha paixão pelos pastéis, em que o Benfica do “Maior de sempre” Eusébio (confesso o meu segundo clube) ficou em primeiro sem derrotas e o Grande Belém em segundo.

Bons tempos. Estava na minha terra natal, havia uma certa ordem, até no campeonato nacional. Sim, nessa altura também tinha-mos o campeonato provincial e o campeonato distrital. (Isso só falando de futebol, porque também havia o hóquei…alguém se lembra dessa modalidade fantástica em que somos apenas a maior potencia histórica?)

Nesse ano, já não me lembro que ganhou o distrital, o provincial foi o FC Moxico.

Voltando ao Belém. Fica a perder esteticamente o campeonato que para o ano não tem o mais bonito estádio do país. Fica a perder tudo quanto é lagarto e lampião que tem menos um jogo perto de casa para ver ao vivo. Fica a perder a liga porque um clube com a história, style e classe está na segunda. Olhando para ao patrocínios (se ainda forem os mesmos) o Belenenses vai a águas.

Enquanto, eles os europeus andam entretidos,
eu voto Clube Futebol os Belenenses.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cristo vença, Cristo Reine…


Foi enorme a festa, como foi enorme a misericórdia e a graça concedida.
Cinquentenário do Santuário de Cristo em Almada, foi um relembrar de como a mão de Deus nos tem guiado e suportado. Como temos sabido, em quanto povo correr para Deus e como Ele nos tem acolhido. Nação fidelíssima de ainda mais fiel Senhor.
Num jeito infantil apetece-me dizer, é normal somos amigos da Sua Mãe.
Somos um país que tem com Rainha, Maria Santíssima. “Personalidade aquém é dedicado o maior número de lugares considerados históricos/monumentos no nosso país. E Ela também lá esteve.

Dias gloriosos esses que vivemos.
Temos um monumento a Cristo Rei. Como agradecimento a uma paz vivida em tempos de guerra total.

Temos de nos preparar, para em quanto povo, nos dispormos à oração de forma assumidamente colectiva, pela nossa Pátria. Já não para pedir a protecção contra uma guerra no sentido estritamente bélico. Mas uma guerra contra a matriz Cristã. Contra uma forma de ser e estar, que testemunha (assumindo todos os erros decorrentes da fraqueza humana ou de condicionantes históricas) a opção por Cristo, e de uma forma incondicional através de sua Mãe.

Os tempos de crise, são sempre difíceis, mas de ruptura. É este o tempo certo para viramos, de novo o sentido e o sentir desta nação. É tempo de resistir, e isso é um constante nesta Pátria em que o único verdadeiro recurso é o seu povo, e o principal obstáculo são os que nele tem mandado.

Só assumindo que Maria é realmente a Rainha do Céu e de Portugal, podermos esperar, não por um novo Abril ou Maio ou Novembro ou outro momento qualquer; mas uma prometida manhã de nevoeiro nas nossa almas, que gere um dia de sol brilhante para todos.

domingo, 17 de maio de 2009

Coisinhas, Umas simples biquatas

Chegou-me por mão amiga este artigo que transcrevo na íntegra como o devido respeito e devida homenagem agradecida.

São pequenas coisa, pequenos pertences, umas biquatas das classe governativa:

Cavaquisses, Sócratisses e Samoradas


Portugal precisa de jactos executivos para transporte de governantes???

Pronto! Finalmente descobrimos aquilo de que Portugal realmente
precisa: uma nova frota de jactos executivos para transporte de
governantes. Afinal, o que é preciso não são os 150 mil empregos que
José Sócrates anda a tentar esgravatar nos desertos em que Portugal se
vai transformando. Tão-pouco precisamos de leis claras que impeçam que
propriedade pública transite directamente para o sector privado sem
passar pela Partida no soturno jogo do Monopólio de pedintes e
espoliadores em que Portugal se tornou. Não precisamos de nada disso.
Precisamos, diz-nos o Presidente da República, de trocar de jactos
porque aviões executivos "assim" como aqueles que temos já não há "nem
na Europa nem em África". Cavaco Silva percebe, e obviamente gosta, de
aviões executivos. Foi ele, quando chefiava o seu segundo governo,
quem comprou com fundos comunitários a actual frota de Falcon em que
os nossos governantes se deslocam.
Voei uma vez num jacto executivo. Em 1984 andei num avião presidencial
em Moçambique. Samora Machel, em cuja capital se morria à fome, tinha,
também, uma paixão por jactos privados que acabaria por lhe ser fatal.
Quando morreu a bordo de um deles tinha três na sua frota. Um
quadrimotor Ilyushin 62 de longo curso, versão presidencial, o
malogrado Antonov-6, e um lindíssimo bimotor a jacto British Aerospace
800B, novinho em folha. Tive a sorte de ter sido nesse que voei com o
então Ministro dos Estrangeiros Jaime Gama numa viagem entre Maputo e
Cabora Bassa. Era uma aeronave fantástica. Um terço da cabina era uma
magnífica casa de banho. O resto era de um requinte de decoração
notável. Por exemplo, havia um pequeno armário onde se metia um
assistente de bordo magro, muito esguio que, num prodígio de
contorcionismo, fez surgir durante o voo minúsculos banquetes de tapas
variadíssimas, com sandes de beluga e rolinhos de salmão fumado que
deglutimos entre golinhos de Clicquot Ponsardin. Depois de nos mimar,
como por magia, desaparecia no seu armário. Na altura fiz uma
reportagem em que descrevi aquele luxo como "obsceno". Fiz nesse
trabalho a comparação com Portugal, que estava numa craveira de
desenvolvimento totalmente diferente da de Moçambique, e não tinha
jactos executivos do Estado para servir governantes.


Nesta fase metade dos rendimentos dos portugueses está a ser retida
por impostos. Encerram-se maternidades, escolas e serviços de
urgência. O Presidente da República inaugura unidades de saúde
privadas de luxo e aproveita para reiterar um insuspeitado direito de
todos os portugueses a um sistema público de saúde. Numa altura
destas, comprar jactos executivos é tão obsceno como o foi nos dias de
Samora Machel. Este irrealismo brutalizado com que os nossos
governantes eleitos afrontam a carência em que vivemos ultraja quem no
seu quotidiano comuta num transporte público apinhado, pela Segunda
Circular ou Camarate, para lhe ver passar por cima um jacto executivo
com governantes cujo dia a dia decorre a quilómetros das suas
dificuldades, entre tapas de caviar e rolinhos de salmão. Claro que há
alternativas que vão desde fretar aviões das companhias nacionais até,
pura e simplesmente, cingirem-se aos voos regulares.



Há governantes de países em muito melhores condições que o fazem por
uma questão de pudor que a classe que dirige Portugal parece não ter.
Vi o majestático François Miterrand ir sempre a Washington na Air
France. Não é uma questão de soberania ter o melhor jacto executivo do
Mundo. É só falta de bom senso. E não venham com a história que é
mesquinhez falar disto. É de um pato-bravismo intolerável exigir ao
país mais sacrifícios para que os nossos governantes andem de jacto
executivo. Nós granjearíamos muito mais respeito internacional
chegando a cimeiras em voos de carreira do que a bordo de um qualquer
prodígio tecnológico caríssimo para o qual todo o Mundo sabe que não
temos dinheiro.

JN - Mário Crespo. Jornalista

terça-feira, 12 de maio de 2009

Hoje novamente um livro: A Balada do Ultramar.

Há um espaço vazio entre o titulo e esta entrada no Biquatas, é um silêncio escrito…
Foi o que ficou em mim, depois da explosão de choro que ele provocou. Por isso passou este tempo, entre a leitura e este comentário. Porque abriu feridas nunca fechadas, porque disse exactamente uma enormidade de coisas que eu sinto, penso e digo aos amigos que me fazem o favor de me ouvir (incansavelmente) falar daquele lado do mar e do tempo.
Demorou também porque enfiei na cabeça que iria (e vou) falar com o autor para lhe agradecer, ter dito o que disse e com tanto sentimento, e então depois escreveria nesta incógnita tribuna. Só que ainda não tive coragem para procura-lo. Ainda estou de ressaca do livro, que tocou cá dentro de uma forma como nunca imaginei.
Quando o vi na montra, sem sequer pensar soube que iria lê-lo. Quando comecei, pensei que era um romance que iria contar uma história passada num sitio e num tempo de onde eu nunca sai verdadeiramente. Mas enganei-me. É um grito de raiva, dor, saudade, incompreensão e uma infinidade de sentimentos indescritíveis, que nos povoa a alma, ou melhor, nos assombra a alma. E ele disse. Disse tudo, com as letras, todas muito bem organizadas e os sentimentos incontroláveis…
Para si meu caro senhor que não irá ler este sentidíssimo e muito agradecido comentário o meu MUITO OBRIGADO.

Eu também sou se de Angola e ainda digo jindungo, geleira, curita e jinguba… e continuarei a dizer.



O livro chama-se como já referi chama-se A Balada do Ultramar, é de Manuel Acácio e foi publicado pela Oficina do Livro.

sábado, 9 de maio de 2009

DEVIA SER FERIADO!


Treze de Maio é uma das datas que mais mobiliza os Portugueses. É um dos momentos do ano (tal como 13 de Outubro) em que se renova espiritualmente o sentir da Pátria, se recarregam energias, e tão necessitados estamos. É o momento em que nos abastecemos de ESPERANÇA… Coisa que mais do que o dinheiro ou o rumo nos escasseia.

Claro que isto é absolutamente chinês ou qualquer outra língua inacessível, para os novos (livres) pensadores dominantes, encafuados na sua resguardada posição agnóstica. E o resultado está à vista. Crise económica, que não é mais do que a materialização da crise de valores espirituais.

É que não se muda o Homem por decreto. Não se altera a natureza pelo facto de alguns espécimes conterem erros genéticos (no corpo ou na alma). A nossa forma de ser, em quanto espécie, está para além dos nossos limitados creres individuais, normalmente enfermos de egoísmos incontrolados, limitações de vária ordem.

Despir de espiritualidade, aquilo que tem uma dimensão natural metafísica, é amputar. É esvaziar, tornar amorfo. Claro mais domável. Apregoa-se umas supostas liberdades, eventuais evoluções, fictícias igualdades.

A formiga num carreiro vinha em sentido contrário…
São aos milhares e parecem formigas incansáveis. São(somos) a reserva moral desta nação.
São os crentes, simples de todos os tipos e estratos da sociedade Lusitana.
E dizem: Mudem o rumo, “nos temos outro carreiro”…

São os Católicos que fazem mais de 70% da assistência social bem feita em Portugal. Estão em todos os sectores de actividade. Mesmo que pouco esclarecidos quanto ao que quer dizer, a maioria dos Portugueses assume-se Católico. São pacíficos, socialmente, juridicamente, economicamente, civicamente correctos.
(São os maiores fornecedores de feriados)
São 89,8% - 9,38 milhões.

Mas isso é difícil para espíritos vazios. Rezaremos por eles na peregrinação de Maio a Fátima e voltaremos a faze-lo em Outubro…

Miraculosa Rainha dos céus
Sob o teu manto tecido de luz,
Faz com que a guerra se acabe na terra
E haja entre os homens a paz de Jesus

sábado, 25 de abril de 2009

Ó Pátria sente-se a voz Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te à vitória!

26 de Abril será a partir deste ano o dia Canonização S. Nun'Álvares. Seja para nós um sinal de futuro. Um momento de seguir em frente lutando e vencendo. Que nos seja dado dos Céus um novo Condestável vigilante.


Nota Histórica
Nuno Álvares Pereira, fundador da Casa de Bragança, nasceu em Santarém (Portugal) a 24 de Junho de 1360. Como Condestável do reino de Portugal, foi militar invencível; mas, vencendo se a si mesmo, pediu a admissão, como irmão leigo, na Ordem do Carmelo. Tinha uma admirável piedade e confiança para com a Santíssima Virgem Maria. Sentia grande satisfação em pedir esmolas pelas portas, desempenhar os ofícios mais humildes na casa de Deus, e mostrou sempre grande compaixão e liberalidade para com os pobres. Morreu no domingo da Ressurreição do ano 1431(1de Abril).
In Secretariado Nacional de Liturgia

Momentos e trajectos em Luanda

Um arrastado calor apesar da hora nocturna. Um vento de repente, forte, empurra portas e abana janelas. Então um pingo grosso e ruidoso aqui e outro ali, como que experimentando. Depois com um urgência, como quem depois de hesitar se de decide, e então se precipita. Cai toda a água. Jorra durante algum tempo com tal intensidade que até as gentes se calam, entre a delícia e o respeito pela acção da natureza. Em Abril é comum.

Agora parou. O ar ficou fresco e novo. E um passeio, uma volta sabe bem.

Saindo da rua Lopes Lima, descendo para o Largo Serpa Pinto. Contornando à direita na esquina do prédio da Oliva em direcção à Mutamba, a esta hora vazia. O Sinaleiro já não está de serviço.

Segue-se em frente até ao Correios e depois até à Marginal. Viro à direita e sigo como quem vai para o porto. Mas a meio da avenida curvo e estaciono virado para a baia. Ligo o rádio e oiço o Rádio Clube aproveitando a brisa meiga do mar, fresca pela chuvada.

A olhar o mar com as luzinhas da Ilha lá ao fundo fico, parado no tempo. E ainda hoje lá (cá) estou.


Sanzalangola. Comentário a uma fotografia de Nova Lisboa.:
Nuno Valdez (Jun 27, 2005 18:05 ).
Houve noites enluaradas, que com um casaquito às costas, começava o meu passeio no Hotel Excelsior (à direita da foto), seguia a 5 de Outubro por ali abaixo ..., e só parava na esquina da Nova York! Nova Lisboa parecia-me, então, uma cidade perfeita!

O Sr. Nuno, que não conheço, escreveu o comentário, que reproduzo com o devido respeito, no Sanzalangola e que reflecte exactamente o sentimento e reacção que uma fotografia um cheiro ou qualquer outra coisa insuspeita, provoca em mim e milhares de Portugueses de Angola. A ele um abraço e ao magnifico ponto de escape que é o Sanzala um muito obrigado.


Momentos e trajectos é construído com sentimentos e memórias de experiências reflectidas nesse comentário. Mais momentos e outros trajectos haverão.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Data assinalável

A morte
Saiu à rua
Num dia assim…

…E então entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou…

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.



Com Zeca Afonso, José Mário Branco e Manuel Alegre, insuspeitos trovadores anti – fascistas, nos vergamos ao calendário.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Hoje um livro. Do melhor que já li. Sobre a minha terra ou em qualquer outra categoria. Assumindo desde já que o facto de ser sobre um sitio e um tempo que conheço e vivi tão intensamente, e por isso posso ser suspeito. Falo de um livro de Tiago Rebelo, na sua segunda viagem por estas paragens.

O último ano em Luanda. Uma ficção muito realista, cheio de relatos históricos correctos.

Já li e reli, emprestei e publicitei. Para quem quiser saber como foi…foi assim.
Vale a pena. Recomendo. Nem foi por acaso que o escolhi para “inaugurar” o Bicuatas.Como disse nesta área do melhor que já se fez. É da editorial Presença.
Já que aqui estou, do mesmo autor, anterior, mas igualmente muito bom. Num tempo muito antes. Em 1894. No tempo dos amores perfeitos. Assim se chama. Da mesma editora claro.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Este será um espaço de lembranças, comentários, observações sobre a Terra Mãe.

Da actualidade à (sempre e muito importante ) memória.
Livros, Internet, Noticias, Incidências.